sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O que é currículo, afinal?


“O currículo é lugar, espaço, território. O currículo é relação de poder. O currículo é trajetória, viagem percurso. O currículo é autobiografia, nossa vida, curriculum vitae: no currículo se forja a nossa identidade. O currículo é texto, discurso, documento. O currículo é documento de identidade”.  (Tomaz Tadeu da Silva, 2004)


Refletindo o currículo oculto na escola

O currículo oculto refere-se ao processo de aprendizagem processual (implícita) socializador e colateral ao currículo escolar formal, que permeia as normas de comportamento social (valores, mensagens de natureza afetiva entre outros).
O chamado currículo oculto, que envolve, dominantemente, atitudes e valores transmitidos, subliminarmente, pelas relações sociais e pelas rotinas do cotidiano escolar. Fazem parte do currículo oculto, assim, rituais e práticas, relações hierárquicas, regras e procedimentos, modos de organizar o espaço e o tempo na escola, modos de distribuir os alunos por grupamentos e turmas, mensagens implícitas nas falas dos (as) professores(as) e nos livros didáticos. São exemplos de currículo oculto: a forma como a escola incentiva a criança a chamar a professora (tia, Fulana, Professora etc.); a maneira como arrumamos as carteiras na sala de aula (em círculo ou alinhadas); as visões de família que ainda se encontram em certos livros didáticos (restritas ou não à família tradicional de classe média).
Que consequências tais aspectos, sobre os quais muitas vezes não pensamos, podem estar provocando nos alunos? Não seria importante identificá-los e verificar como, nas práticas de nossa escola, poderíamos estar contribuindo para um currículo oculto capaz de oprimir alguns de nossos (as) estudantes (por razões ligadas a classe social, gênero, raça, sexualidade)?
Julgamos importante ressaltar que, qualquer que seja a concepção de currículo que adotamos, não parece haver dúvidas quanto à sua importância no processo educativo escolar. Como essas importâncias e evidencia? Pode-se afirmar que é por intermédio do currículo que as “coisas” acontecem na escola. No currículo se sistematizam nossos esforços pedagógicos.
O currículo é, em outras palavras, o coração da escola, o espaço central em que todos atuamos, o que nos torna, nos diferentes níveis do processo educacional, responsáveis por sua elaboração. O papel do educador no processo curricular é, assim, fundamental. Ele é um dos grandes artífices, queira ou não, da construção dos currículos que se materializam nas escolas e nas salas de aula. Daí a necessidade de constantes discussões e reflexões, na escola, sobre o currículo, tanto o currículo formalmente planejado e desenvolvido quanto o currículo oculto. Daí nossa obrigação, como profissionais da educação, de participar crítica e criativamente na elaboração de currículos mais atraentes, mais democráticos, mais fecundos.

Texto de: MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura / [Antônio Flávio Barbosa Moreira, Vera Maria Candau]; organização do documento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O Currículo



O aluno é um excelente agente transmissor de informação no sentido escola-comunidade e, por isso, torna-se cada vez mais importante inverter o fluxo das informações, para que os ensinamentos, não menos importantes, da cultura popular das comunidades, possam dessa forma, chegar à escola ou como se costuma dizer, romper os muros da escola. Segundo Freire (2005, p.25), “Ensinar não transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua produção ou construção”. Para que isso possa efetivamente acontecer é preciso que todos participem, mas é preciso também que esse processo seja organizado, principalmente se essa organização partir de dentro dessas instituições.
Qual a participação dos professores e alunos na organização curricular da parte diversificada da escola?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Reflexão


Que tipo de homem e de sociedade a escola deseja alcançar com o desenvolvimento do currículo proposto?

A escola teoricamente deseja seres humanos responsáveis, capazes, preparadas, com capacidade técnica, que respeite a vida, o meio ambiente, um ser pleno. Contudo, com o currículo atual o que conseguiremos são seres humanos cada vez mais mecanizados, individualizados, e sem formação técnica suficiente, pois são abertas exceções à qualidade de ensino, às práticas coletivas, a uma formação onde os/as educandos/as se reconheçam como sujeitos co-responsáveis, tanto nos direitos bem como nos deveres, falta cumprimento mínimo nesses quesitos citados. A medida que as coisas vão, a situação só tende a piorar.
Os argumentos apresentados nortearam principalmente a organização curricular dos conteúdos/disciplinas, porém considero que o currículo é algo mais amplo, perpassa desde os conteúdos, disciplinas, como a organização dos tempos das aulas, a distribuição/organização dos espaços pedagógicos, as relações dos diversos atores (mães, pais, funcionários da escola...) do processo educativo incluindo aí as características culturais de todos. O que se pratica hoje na Educação, apesar de  em muitos momentos não percebermos, é algo intencional para a manutenção da organização social capitalista, pois só tende a reforçar a diferença entre os seres humanos, a distância entre a educação direcionada aos pobres e aos que podem escolher em que espaço seus filhos vão estudar.